sábado, 20 de novembro de 2010

A invenção de Orfeu

A ilha ninguém achou
porque todos a sabíamos
Mesmo nos olhos havia
uma clara geografia.

Mesmo nesse fim de mar
qualquer ilha se encontrava,
mesmo sem mar e sem fim
mesmo sem terra e sem mim.

Mesmo sem naus e sem rumos,
mesmo sem vagas e areias,
há sempre um copo de mar
para um homem navegar.

[...]

Jorge de Lima

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Ouro Preto

Tu és a vila dos amores
Onde as ruas de prata
Ofuscam o brilho das estrelas.
São douradas tuas igrejas
Que de longe escrevem
As luzes dos lampiões.
Os casais que por ti passeiam
Levam consigo desejos
De serem eternos
E eterno o amor
Que distante se vê chegando
E se enraizando em vossas praças.
Oh aurora que se aproxima
A tecnologia não apagará
Dessa vila a história
Dos seus infindos dias
Mas ratificará em todas as memórias
A importância do seu legado.
Os poetas que daqui surgiram
Escreveram nos pergaminhos da vida
A graça das ilusões
Das paixões
Que em ti foram sacrificadas.
E eu um pobre mortal
Escrevo nestas entrelinhas
O colóquio envaidecido
De conhecer-te de perto.

William Figueiredo

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

O gato chinês
espera sentado
pela sua vez

Eugénia Tabosa