sexta-feira, 18 de junho de 2010

Sal no 45

Quis o Filho do Homem, quando pelos desertos caminhava, que os seus cordeiros fossem mansos de espírito e que a linguagem do amor, como uma neblina, permeasse nos dias do antanho. Quis também que o Verbo fosse o sussurro do começo, o disparo do primeiro instante com que a cronométrica flecha, destinada a ser aquela do Cupido, cumpriria o sétimo dia da Criação. Tendo feito o Mundo - baixando depois sobre as águas, as terras, os ares e os ventos (aliás, somos átomos e átimos dos aguares e dos ventares sobre a terra e o mar), Cristo ou Oxalá, energias de Javé, Jah, Alá, Zeus e/ou Deus - tendo feito o Mundo, dizia-te, o Filho do Homem deixou-nos os salmos de lembrança. Dir-te-ia, no rasgo de louco que Ele me concede, o sal no 45. Senti-o assim nas negras e ágeis mãos (dos orixás quem sabe?) que sobre o pano-de-mina os búzios te pressentiam...
Filinto Elísio

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