domingo, 30 de maio de 2010

No verão às quatro da manhã
o sono do amor ainda dura.
Sob o arvoredo se evapora
o odor da noite de festa.

Ali, na vasta cocheira,
das Hespérides ao sol,
já, em mangas de camisa,
se movem os Carpinteiros.

Em seus Desertos de seiva,
preparam os belos painéis
em que a cidade terá
seus falsos céus.

Aos atraentes operários,
súditos de um rei da Babilônia,
Vênus deixa um instante os Amantes
coroada por suas almas.

Ó Rainha dos Pastores,
traz a aguardente aos que trabalham
para manter-lhes as forças até o banho
do meio-dia no mar.

Artur Rimbaud - tradução de Paulo Hecker Filho

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