Quando e onde
não me lembro já.
Mas o certo é que a gente falava
da cauda longa dos cometas
e do calor intenso
que habita o núcleo das estrelas.
Meus olhos
estavam fitos no espaço
e de repente
vi um gato
pulando lesto e contente.
Eu juro que vi um gato
saltando de uma nuvem para outra
até ficar oculto
num floco todo branco.
Confesso: tive ciúme.
“Deixe esse trapo
e salte cá para baixo”
– ia eu gritar ao gato
mas lembrei-me ainda a tempo
que a distância era muita
e que nenhum bichano entende
a conversa cá da gente.
Ainda que ele ouvisse:
o espírito de um gato
é como o canto de um poeta
– não atende nem escuta
a ordem de ninguém.
Engraçado!
Um gato lá no alto
entre os braços duma nuvem.
Talvez fosseum bruxo disfarçado
ou a alma de um vate
vogando no espaço.
Arménio Vieira
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