A negro, E branco, I rubro, U verde, O azul, vogais,
inda desvendarei seus mistérios latentes:
A, velado voar de moscas reluzentes
Que zumbem ao redor dos acres lodaçais;
E, nívea candidez de tendas e areais,
Lanças de gelo, reis brancos, flores trementes;
I, escarro carmim, rubis a rir nos dentes
Da ira ou da ilusão em tristes bacanais;
U, curvas,vibrações verdes dos oceanos,
Paz de verduras, paz dos pastos, paz dos anos
Que as rugas vão urdindo entre brumas e escolhos;
O, supremo clamor cheio de estranhos versos,
Silêncios assombrados de anjos e universos;
- O! Ômega, o sol violeta dos Seus olhos!
Arthur Rimbaud (trad. de Augusto de Campos)
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