terça-feira, 27 de abril de 2010

Pesadelo

Não sei que torvo ser, que espírito insolente,
que tenebroso gênio evadido às florestas
em visionária noite acorda-me funestas
multidões que a dormir jaziam-me na mente.

Toscas aparições de atormentadas testas
com um olho só a olhar alucinadamente
braços avulsos, mãos em garra, de repente,
caíram-me de mim - rindo impudentes estas,

aquelas a estender-me uns dedos asquerosos,
gritando, escancarando as fauces, fulminando
meu roto coração com seu olhar nefando.

E, à luz tentacular de globos pavorosos,
abre-me o pesadelo as portas, lado a lado,
mostrando-me a espantosa imagem do Pecado.

Anderson Braga Horta. Soneto Antigo

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